quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Miniaturas _________________Publicação 20

 

O Museu de Antigas Máquinas Manuais de Costurar (MAMC), particular e privado, registrado no Ministério da Cultura, desenvolve pesquisa e preservação deste importante instrumento.

“É vedada a utilização de quaisquer informações contidas em suas publicações,  para fins lucrativos ou comerciais, sem autorização expressa de seu curador, sob pena de indenização judicial.”

Nesta 20ª publicação, considerando o razoável acervo de miniaturas (bibelôs, decorativos,..) de máquinas de costurar, apresentamos alguns espécimes conservados pelo MAMC.

Algumas publicações impressas já incluiram as miniaturas em suas páginas: “Toy and Miniature Sewing Machines – Glenda Thomas” e “Toy Sewing Machines and Miniatures – MAMC – D’Arisbo, Darlou”, dentre outros.

Distintas das maquininhas infantis (publicação 7), as miniaturas tem função meramente decorativa, tais adornos com alusão à importância da máquina de costurar. Comumente agregavam personagens ou representações, serviam como porta objetos ou simplesmente um símbolo miniaturizado.

No sentido de identificar dimensões, colocamos em algumas fotos uma “fita métrica”, como referencial.

005b Miniaturas muito pequenas:

1. Em bronze (4 x 2cm), constituída por três partes aparafusadas entre si, volante móvel, adquirida na Feira da Ladra, Lisboa

2. Porcelana (4,5 x 2cm), cor vinho, com detalhes dourados e gravura impressa, adquirida na Feira da Ladra, Lisboa

3. Porcelana (4 x 2cm), branca com detalhes dourados, obtida em M. Cândido Rondon – PR, produção Reutter, Denkendorf – Alemanha

4. Em bronze (3 x 1,5cm), recebida como prazeroso mimo de Rebeca Vaz, Piracicaba – SP

5. Porcelana (5 x 2cm), branca com detalhes dourados, doação de Denise Flessak, Cascavel – PR, fabricada em Limoges – França

001Miniatura em escala 1:8 (5,5cm de comprimento), construída em aço e outros metais, utilizando minúsculas peças de variadas fontes (relógios, botões de pressão, interruptores elétricos, alfinetes, rebites, preguinhos,...). Sua construção demandou vários meses e o resultado foi gratificante.

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Esta miniatura, em escala 1:13 (3cm de comprimento), já citada na publicação 7, também em aço, foi executada durante um ano, também com minúsculas peças (carretel é um pequeno rebite; volante é um botão de pressão, e a tesoura, um ganchinho de “soutien”, adaptado,…)

003Um antigo apontador de lápis, em Zamac (liga de zinco, alumínio, magnésio e cobre), com 6cm, teve alguns micro detalhes acrescentados (carretel, linha, regulador, adesivos,...) 

004bMiniatura metálica de máquina Singer a pedal (8cm), detalhadíssima, made in China. Adquirida em Ciudad del Este/PY (1998).

006aArtesanato em madeira (14cm), minuciosa, adquirida em Rio Negro – PR (2010)

OLYMPUS DIGITAL CAMERA         Botões de madeira (aviamentos), em forma de máquinas de costurar (2cm), com pedestal adaptado.

008cObjeto de adorno (10cm), em resina, colorido, com a cabeça da costureira móvel (por mola). Desenho baseado em hilariante propaganda da New Home 1910, citado em Early Sewing Machine, pág 363. Fabricação chinesa.

009Semelhante ao anterior (8cm), também bastante detalhado. Adquirido em Piratuba – SC.

OLYMPUS DIGITAL CAMERA         Como o mesmo tema e material (11cm), ante os olhos atentos da menina. Adquirido em Piratuba – SC. Fabricação chinesa.

011Bibelô em resina (9cm), colorido, representação da máquina de costurar rodeada por expressivos anjinhos.

012aCaixinha porta bijuterias (9cm), em resina, representando a máquina de costurar na tampa. Adquirido em Francisco Beltrão – PR.

010aTambém em resina (12cm), caixinha cuja tampa apresenta um cão protegendo a máquina de costurar. Adquirida em Cascavel – PR.

OLYMPUS DIGITAL CAMERA         Artesanato em madeira (26cm), com incorporação de acessórios metálicos, carretel de linha,... Adquirida em Toledo – PR.

Tais objetos de adorno e decoração, independentes de sua natureza, material ou dimensão, representam um formal e delicado ícone simbólico, despertando sentimento  de beleza ou sublimidade.

Nesta conclusão, homenagem à princesa Sofia, minha primeira neta, recém nascida.

Cada criança, ao nascer, nos traz a mensagem de que Deus ainda não perdeu a esperança nos homens (Tagore – poeta hindu 1941).

Até a próxima

Prof. Darlou D’Arisbo

terça-feira, 11 de junho de 2013

Fontes de Relíquias - Publicação 19

 

“É vedada a utilização de quaisquer informações aqui contidas,  para fins  lucrativos ou comerciais, sem autorização expressa de seu curador, sob pena de indenização judicial.”

Nesta postagem, o Museu de Antigas Máquinas Manuais de Costurar (MAMC), apresenta um assunto diverso da matriz temática comumente abordada, embora não fugindo do objetivo maior: as antigas máquinas de costurar. E, como alguns visitantes ao blog questionaram sobre “onde adquirir” tais antigas relíquias, decidimos  publicar este, citando algumas “feiras de rua”.

Inúmeras são as cidades que dispõem deste tipo de comércio, normalmente organizado aos domingos, com ofertas de impressionante variedade de antiguidades, incluindo as maquininhas.   Visitá-las, percorrendo seu emaranhado conjunto de tendas, é um exercício prazeroso e divertido.

Calçadão

A origem das feiras de rua, perde-se no tempo.  Certamente alguns milênios antes de Cristo, com o sistema de escambo (troca de produtos).

Assim, em nossas viagens, sempre procuramos coincidir o “dia de feira” com nossa permanência nas cidades. 

Além das conhecidas feiras brasileiras, o Uruguai, é um território próximo e fértil em peças antigas.  Sua história é rica e, sua “Feria de Tristan Narvaja” (Montevidéu), é imensa,  distribuída em cerca de quarenta quadras.  

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Várias outros locais uruguaios, oferecem peças antigas, incluindo automóveis e, normalmente,  sempre carecendo de restauro. Os vendedores normalmente demonstram facilidade de negociação. 

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Alguns vendedores expõe os objetos às margens de algumas rodovias, facilitando visualização e comércio.

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Na capital Argentina, a “Feria de San Telmo”, é igualmente imensa. Possui também algumas lojas em galerias, com exclusividades (luminárias, estátuas, armaduras, relógios,…)

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Na Europa,  em recente viagem (“felizmotorhome.blogspot.com”), visitamos muitas cidades com semelhante comércio dominical.  Infelizmente, em várias, não pudemos coincidir nossa presença, com os respectivas datas de realização 

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As antiguidades estão integradas nos milênios da história européia e, presente também na decoração de muitos estabelecimentos comerciais.  Na cidade do Porto, Portugal, um restaurante dispôs milhares de objetos antigos em suas paredes, incluindo um célebre Fiat 500!

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Em Lisboa, todos os domingos, realiza-se a afamada “Feira da Ladra”, nas proximidades do Panteão.

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Pequenas cidades européias também mantém a tradicional e assídua feira semanal.   A cidade de Oradour sur Vayres, próxima a Limoges, oeste da França, é uma simpática exemplar. 

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Na renomada Bordeaux, famosa pelos seus vinhos, a feira é diária (em determinada época do ano), com tendas fixas, cada qual com peças exclusivas (relógios, tapetes, móveis, bibelôs,…). Embora os objetos sejam lindos, os preços, infelizmente, são exagerados.

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Em Sintra, no extremo oeste de Portugal, visitamos o extraordinário “Museu do Brinquedo”, com mais de 60.000 peças infantís, algumas seculares. Embora não comercialize os objetos, a visita é impressionante.  Evidentemente, nosso interesse maior foram as dezenas de máquininhas de costurar, lá acervadas.

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O conhecimento é resultado obtido no ilimitado somatório de informações capturadas (esclarecimento, intuição, contemplação, classificação, mensuração, analogia, experimentação, empirismo,..).  Nossa capacidade de armazenar informações é infinita e, sua quantidade, após analisadas, integradas e interpretadas, é proporcional ao necessário e sólido embasamento para tomada de decisões e condutas. 

Uma edição atual do “Times” contém mais informação que o mortal comum podia receber em toda a sua vida, na Inglaterra do século XVII. (Richard Saul Wurman – 1936 / )

Até a próxima

Prof. Darlou D’Arisbo

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Muller - Duas Indústrias Publicação 18

 

Nesta publicação, nosso Museu de Antigas Máquinas Manuais de Costurar (MAMC),  apresenta as consagradas indústrias alemãs “Muller”, uma síntese de suas histórias e algumas peças por nós restauradas e acervadas.

“É vedada a utilização de quaisquer informações aqui contidas,  para fins  lucrativos ou comerciais, sem autorização expressa de seu curador, sob pena de indenização judicial.”

Na Alemanha do século XIX, havia duas indústrias Muller. Uma delas, fundada por Friedrich Wilhelm Muller (Berlim, 1868) iniciou fabricando peças para máquinas de costurar, abastecendo a fábrica de Nikolaus Durkopp, em Bielefeld.

Em 1888, Muller dedicou-se exclusivamente à fabricar máquinas de brinquedo, com produção até 1970. 

li 001 Muller 1889Muller infantil 1898 (acervo do autor) não necessitou restauro, ainda revela florais dourados impressos na base

Inicialmente produzidas em ferro fundido (aço de baixa resistência), depois em chapa de aço (flandres), as máquinas de brinquedo venderam milhões em todo o mundo.

As maquininhas utilizavam “ponto cadeia” com um inferior gancho rotativo (ponto posterior laçava o anterior), cujo sistema foi apelidado de “Bird of Paradise”.

Wilcox & Gibbs I Sistema “ponto cadeia” (corrente)

A próspera indústria produziu também variada linha de instrumentos, desde delicados abridores de cartas até pesados cofres.

Muller infantís Muller infantis (modelos 1909 a 1939)

Após a 1ª Grande Guerra, a fábrica foi assumida por Kurt Pacully, seu parente e, com grande impulso, exportou 250.000 maquininhas por ano para os Estados Unidos.

li 007 Muller mod.14 (acervo do autor)

Em 1955, a então Pacully-Muller produziu milhares de pequenas máquinas elétricas (à pilha), com iluminação e controle por pedal, bastante semelhantes às “adultas”.

Propaganda Ia

Cerca de 80% da produção era exportada e amparada por colorida propaganda orientada para meninas, despertando nelas, de maneira agradável, a produção de vestimentas para as bonecas.

A empresa fechou em 1970, incapaz de competir com os preços dos brinquedos japoneses.

A outra indústria

A outra empresa era a Clemens Muller, de Dresden, a primeira fábrica alemã de máquinas de costurar, iniciada em 1855. Como já citado na “Publicação 6” deste blog (vide “Acervo”), a empresa tornou-se indústria após 1870 (data oficial de fundação) com a associação de L.O. Dietrich, G. Winselmann, e H. Kohler, todos depois fabricantes de suas próprias marcas (dentre elas: Vesta, Titan e Kohler).

Em 1875, foram produzidas mais de 100.000 máquinas, incluindo modelos industriais. Este número aumentou para 200.000 em 1880 e, em 1930 a produção chegou a quase 3 milhões de máquinas. Após a 2ª Guerra Mundial a empresa foi renomeada VEB Máquinas de Escrever e Costurar, com administração inglesa.

FabricaIndústria Clemens Muller em Dresden, 1910 (www.sewalot.com)

Clemens, interessado no crescente desenvolvimento mecânico americano, em 1887, enviou seu filho Ferdinand para os Estados Unidos, para observar novos sistemas e aplicá-los na próspera indústria.

C Muller Clemens Muller 1887 (nº 622.504), adquirida em Ijuí/RS, em deplorável estado. Após três anos de árduo restauro foi incorporada ao acervo do MAMC.

672Clemens Muller 1888 (nº 672.398), adquirida em Porto Alegre/RS, também restaurada e acervada.

Até 1889 as máquinas eram fabricadas em ferro fundido, incluindo a base, sempre com desenhos florais ou zoomorfos.

Em 1888, Ferdinand Clemens assumiu a empresa, mantendo o nome do pai, produzindo também máquinas de escrever, a partir de 1910.

P8302166Clemens Muller, centenária (nº 689.073), adquirida como sucata em Bento Gonçalves/RS em 1978, acervada em 2012, após árduo e histórico restauro de décadas, relatado na Publicação 16 (“Clemence”)

2.754.172 Clemens Muller (nº 2.754.172), adquirida em P. Alegre/RS, restaurada, manteve o curioso volante recomposto com rebites em chapa de aço e a manopla executada em chifre torneado. Certamente teve seus raios quebrados há muitas décadas.

A partir de 1890, a indústria passou a utilizar dezenas de marcas em diversos idiomas, com a intenção de exportar para vários países. Assim, a “La Reina”, com o sugestivo nome e esmerada qualidade (algumas com madrepérola incrustrada) foi sucesso de vendas na Espanha e países de língua espanhola.

Com esta intenção, a Clemens Muller, produziu mais de 60 marcas de máquinas de costurar, das quais resgatamos:

Marcas C Muller

É conveniente ilustrar que, no intuito de atender (compelir) o mercado da promissora América do Sul, outros fabricantes alemães colocaram nomes curiosos em suas máquinas de costurar (as falhas ortográficas são originais):   “Aligeira, Carioca, Carissima, Carmen, Cinderella, Filinha, Formidable, La Blanca Mejorada, La Graciosa Chilena, Reina del Chile, Nunca Dorminos, Senorita, Tangos, Vencedora,…” foram máquinas importadas pela América Latina entre 1890 e 1920.

Nosso “Museu de Antigas Máquinas Manuais de Costurar” (MAMC) possui cerca de 30 Clemens Muller, algumas ainda em restauro, todas com alguma diferença (dimensão, formato, base, sistema,..).  O resgate desta história excede ao simples relato de seus acontecimentos. Consiste sim na tangibilidade de suas obras, ao preservar suas máquinas e disponibilizá-las aos nossos fisiológicos sentidos.

Distintamente de mero relato, assim podemos contemplá-las visualmente, tal como quando em operação; apalpá-las, tateando suas formas e relevos; ouvi-las ronronando a funcionar contentes, emocionarmos ao presenciar o fruto vivo desta prodigiosa invenção secular.

Ressuscitadas, superaram a idade de qualquer humano, estas sesquicentenárias anciãs, passam a reinar, barulhentas, imponentes e majestosas.

foto ViagemTurismo 

“A preservação consiste em muito mais do que apenas uma lembrança de fatos, ações ou coisas. Significa sim, uma doce e agradável viagem para um mundo intemporal, onde a vida se perpetua na presença de objetos que fizeram parte da existência de pessoas que já se foram...

Não seria exagero afirmar que a memória histórica é um universo mágico, onde se perde o peso, ao levitar nas tantas informações transmitidas pelas peças de um querido acervo (Prof. Darlou D’Arisbo).”

Até a próxima